terça-feira, 29 de março de 2011

Kahlil Gibran


foto: acervo pessoal.
E o tecelão disse:
Fala-nos das Vestimentas.
E ele respondeu:

Vossas roupas escondem muito de vossa beleza, embora não ocultem aquilo que é vil em vós.
E embora procureis nas vestimentas o privilégio da privacidade, vós encontrareis nelas um arreio e um grilhão.
Quem dera vós pudésseis sentir o sol e o vento com mais de sua pele, e menos de vosso traje.
Pois o alento da vida está na luz do sol, e a mão da vida está no sopro do vento.
Alguns de vós dizem: 'Foi o vento norte que teceu as roupas que usamos.'
E eu digo: Sim, foi o vento norte,
Porém, ele teve a vergonha como tear, e o enfraquecimento dos nervos como seu fio.
E quando terminou seu trabalho, ele gargalhou na floresta.
Não vos esqueçais de que a modéstia é um escudo contra os olhos dos impuros.
E quando os impuros não mais existirem, o que fora a modéstia senão encarceramento e uma imposição da mente?
E não se esqueças de que a terra gosta de sentir os seus pés descalços e de que o vento anseia por brincar com os seus cabelos.

Kahlil Gibran, da obra O Profeta.

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