terça-feira, 31 de maio de 2011

Poema das crianças de rua de Curitiba


imagem: internet


Nós também queremos viver,
Nós também amamos a vida.

Para vocês escola / Para nós pedir esmola
Para vocês academia/ Para nós delegacia
Para vocês forró/ Para nós mocó
Para vocês coca-cola / Para nós cheirar cola
Para vocês avião/ Para nós camburão
Para vocês vida bela/ Para nós morar na favela
Para vocês televisão/ Para nós valetão
Para vocês piscina/ Para nós chacina
Para vocês emoção/ Para nós catar papelão
Para vocês ir à lua/ Para nós morar na rua
Para vocês está bom, felicidade/ Mas para nós ... igualdade

Nós também queremos viver,
Nós também amamos a vida.


Poema dos meninos e meninas de rua de Curitiba.

Esta poesia foi escrita em 2002, por meninos e meninas de rua da Fundação Educacional Meninos e Meninas de Rua Profeta Elias. Estas crianças se organizaram e se politizaram, dando um grande exemplo a imensa quantidade de cidadãs e cidadãos brasileiros que afirmam não gostar de política, reclamando da qualidade dos políticos. Porém, são essas mesmas pessoas as responsáveis pela situação atual, pois são elas quem os elegem, votando sem consciência, sem saber, pois tem preguiça de pensar, de se politizar, esperando que "alguém" faça algo. Fica aqui o exemplo destas crianças, para reflexão, e para lembrar da importância delas, que são o futuro do nosso país, e portanto merecem toda a proteção e incentivo para o seu pleno desenvolvimento.

sábado, 28 de maio de 2011

domingo, 22 de maio de 2011

meu pai Xangô


O orixá é uma representação de um ou vários aspectos da vida interior, da alma, da mente ou qual seja o nome que se dê ao imenso fio vibrátil com que se tecem pensamentos e sentimentos no indivíduo humano.

O termo vibrátil designa, aqui, a relação necessária da vida mental/sentimental com a vida física. O orixá é uma manifestação da interação corpo/alma.

Xangô é, portanto, a principal pose com que minha naturalidade é fotografada pela vida. Mas não sou eu que a capto, é a câmera da vida. É quase como se eu dissese que eu mesmo não posso ver Xangô em mim. Ele é visto pelos olhos do mundo. Quem vê seu machado bilaminado em minhas mãos é o outro. Quem percebe a presença de Xangô, nos detalhes de cada pé e cada mão, na dinâmica dança da minha vida é o outro. O outro é o tempo, a história, a tal câmera que capta a pose altiva do orixá em mim.

Xangô é, portanto, a minha maneira natural de ser, de ser visto. Querer ser o que quer que seu fogo seja em mim. Querer ser dele a chispa, a fagulha, a brasa, a chama e até a labareda quando seja.

Querer que ele seja e que ele seja visto em mim.

Xangô é, portanto, o meu retrato, minha pintura, minha cantiga, meu tato, meu modo de dizer.

Xangô é minha naturalidade.



autor: Gilberto Gil, adaptado para o blog.